Givânia Maria é pesquisadora, ativista e liderança do Quilombo de Conceição das Crioulas, no município de Salgueiro (PE). Doutora em sociologia e mestre em políticas públicas pela Universidade de Brasília (UnB), ela também é co-fundadora da Coordenação Nacional da Articulação de Comunidades Negras Rurais Quilombolas (CONAQ) e coordenadora do Coletivo Nacional de Educação da coordenação.
Apontada como uma das principais referências na articulação política de territórios quilombolas, a ativista reforçou o compromisso de fortalecer a defesa de uma educação plural e diversa, considerando as várias perspectivas de raça, gênero, território e região.
“Essa é uma vitória da pauta da educação, da educação básica, é uma pauta da luta antirracista. É uma pauta que poderia ser chamada de pauta da reparação em relação à população negra. Esse é um momento importante na história do Brasil e o que eu quero efetivamente é colaborar com uma educação melhor para nosso povo”, apontou a liderança em nota da CONAQ.
Falta de representantes indígenas
Apesar da representatividade inédita no colegiado do Conselho Nacional de Educação, não houve indicação de integrantes indígenas. De acordo com o Centro de Referência em Educação Integral, com exceção dos quatro anos do governo Bolsonaro, essa é a primeira vez que não há cadeiras ocupadas por indígenas desde 2003.
Em nota, o Fórum Nacional de Educação Escolar Indígena (FNEEI) apontou que a ausência não só ignora as contribuições do grupo para a educação nacional, como mantém um “histórico de marginalização e exclusão”.
O país conta com 272 povos originários, com cerca de 150 línguas diferentes. Na educação, são 4 mil unidades escolares que atendem, aproximadamente, 400 mil estudantes indígenas. Ao todo, 25 mil professores atendem esta demanda específica.
A falta de indígenas em um dos mais importantes órgãos do MEC, responsável por apoiar a formulação de políticas públicas educacionais, preocupa especialistas. Para Gersem José dos Santos, ex-conselheiro do povo Baniwa, a participação destes povos se faz ainda mais necessária diante da recente escalada de violências e perda de direitos.
“Toda vez que a questão indígena for tratada, se é que será tratada, isso será feito por não indígenas, que não conhecem e não entendem nossas culturas e pedagogias. Ninguém pode falar ou decidir por nós”, declarou Santos, ao Centro de Referência em Educação Integral.
Fonte: Alma Preta