Acredita fomentará crescimento da construção civil e do setor imobiliário

Ao discursar nesta segunda-feira (22/4), no lançamento do Programa Acredita, no Palácio do Planalto, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, ressaltou que um dos pilares do pacote de medidas anunciado pelo Governo Federal é fomentar o crescimento da construção civil e do setor imobiliário no Brasil.

“Não tem país conhecido que tenha chegado a patamares elevados de desenvolvimento econômico sem passar pelo fortalecimento da construção civil. A construção civil é uma preciosidade em todo lugar. Ela gera muito emprego, ela gera muita oportunidade, ela oferece casa própria para as pessoas ou aluguel barato”, frisou Haddad.

Segundo ele, no que se refere a crédito imobiliário, o Brasil ainda está distante dos patamares experimentados pelos países desenvolvidos e encontra-se aquém das nações que estão no mesmo nível do Brasil. Nesse sentido, permitir uma ampliação do crédito imobiliário é uma das metas do Acredita.

“Tem países do mundo que têm de crédito imobiliário de mais de 100% do seu PIB. Tem países que têm de 70% a 90% do seu PIB em crédito imobiliário. Países pares do Brasil têm entre 25% e 30% de crédito imobiliário. Nós temos 9% de crédito imobiliário. Um terço dos nossos pares”, ressaltou o ministro.

“Nós podemos alavancar muito o crédito imobiliário. Nós podemos efetivamente ter um novo mercado imobiliário no Brasil com um potencial de crescimento que, se nós trabalharmos bem, e faremos isso, vamos atingir patamares elevados de desenvolvimento, geração de emprego e renda e casa própria barata”, prosseguiu Haddad.

MAIS ROBUSTO – Tendo como público-alvo o setor imobiliário e de construção civil, o Acredita criará um mercado secundário de crédito imobiliário mais robusto para potencializar esse setor no Brasil. Essa ação deverá beneficiar especialmente as famílias de classe média que não se qualificam para programas habitacionais populares, mas para quem o financiamento a taxas de mercado é muito caro.

A iniciativa visa estimular o setor da construção civil e promover a geração de emprego, renda e crescimento econômico, de modo a impactar positivamente o mercado imobiliário brasileiro. O papel da Empresa Gestora de Ativos (Emgea) para atuar como securitizadora no mercado imobiliário será expandido com a criação do mercado secundário para crédito imobiliário.

Isso permitirá que os bancos possam aumentar as concessões de crédito imobiliário em taxas acessíveis para a classe média, suprindo a queda da captação da poupança. Ao permitir a securitização, os bancos abrem espaço em seus balanços para liberar novos financiamentos imobiliários.

CRÉDITO – Abordando a questão de maneira mais ampla, para além da construção civil e do setor imobiliário, Fernando Haddad ressaltou que o Acredita deverá criar condições para que o acesso ao crédito no Brasil possa ser ampliado. Segundo o ministro, isso se constituiu em um fator crucial para o desenvolvimento de qualquer nação.

Para ele, um dos principais diferenciais do Acredita é que o programa engloba uma série de medidas que atenderão as diferentes parcelas da sociedade em torno de um mesmo objetivo: o crescimento econômico.

“O crédito é uma alavanca imprescindível do desenvolvimento econômico de qualquer país. Nenhum país se desenvolveu sem essa alavanca. Desde o mais humilde trabalhador até um empresário de porte que precisa gerar oportunidades para a nossa juventude, de modo a oferecer para as nossas famílias um horizonte de desenvolvimento mais amplo. É uma retomada importante do desenvolvimento do Brasil. O Brasil ficou dez anos estagnado, com taxas de crescimento muito baixas, incompatíveis com o nosso potencial. Nós vamos voltar a crescer como fizemos no começo desse século”, afirmou Haddad.

ECO INVEST BRASIL – O ministro da Fazenda também ressaltou a importância do Acredita na atração de investimentos estrangeiros para projetos sustentáveis no Brasil. Ele destacou que a volatilidade do real ainda é elevada, o que trava investimentos a longo prazo, mas afirmou que o programa trabalhará para criar um ambiente mais sólido.

“O que nós estamos fazendo agora é desenvolvendo um produto que é uma espécie de seguro. Um seguro de longo prazo que coíbe as variações abruptas do câmbio e faz com que o investidor queira investir no plano de transformação ecológica e aí, no sentido amplo, via Fundo Clima”
FERNANDO HADDAD

“A volatilidade do real caiu muito, mas ainda é muito elevada. A nossa moeda é volátil. O que nós estamos fazendo agora é desenvolvendo um produto que é uma espécie de seguro. Um seguro de longo prazo que coíbe as variações abruptas do câmbio e faz com que o investidor queira investir no plano de transformação ecológica e aí, no sentido amplo, via Fundo Clima”, explicou Haddad.

O Acredita visa oferecer soluções de proteção cambial, de modo que os riscos associados à volatilidade de câmbio possam ser minorados e não atrapalhem negócios que são cruciais à Transformação Ecológica brasileira. Tendo como público-alvo os investidores estrangeiros, as empresas de projetos sustentáveis, o mercado financeiro e as entidades governamentais envolvidas em sustentabilidade, o Eco Invest Brasil, como é chamado esse eixo do Acredita, tem como parceiros o BID e Banco Central.

“O Fundo Clima vai selecionar os produtos com alta taxa de retorno e alta taxa de descarbonização para colocar a nossa indústria e a nossa produção na fronteira do que o mundo quer consumir, que é produto de baixo carbono. Ele vai fazer essa seleção e vai além de oferecer as garantias tradicionais. O BID está sendo muito parceiro. Está entrando com mais de 3 bilhões de dólares dele para baratear o custo desse seguro, inclusive comprometendo uma parte do seu próprio balanço para testar uma solução que começou a ser desenvolvida no Brasil”, revelou o ministro.

OTIMISMO – Presidente do Conselho de Administração da MRV Engenharia, Rubens Menin esteve presente ao lançamento do Programa Acredita e disse estar otimista com a série de medidas apresentadas, em especial para o setor da construção civil.

“Nós não geramos só desenvolvimento econômico, também desenvolvimento social. O setor está muito confiante, acreditando muito na indústria da construção. Esse programa tem um componente importante, um inimigo comum, que são os juros elevados. Ele pega todos, desde a nossa pequena empreendedora, a média empreendedora, as grandes empresas. É impossível competir com juros do tamanho que eles estão no Brasil. Temos que trabalhar todos juntos para que isso minimize. Esses programas vieram numa hora muito boa, porque esses momentos onde os juros são extremamente elevados penalizam muito as pessoas. E agora elas vão ter um acesso a uma linha de crédito melhor. Então, eu estou otimista”, elogiou.

MATURAÇÃO – Fernando Haddad deixou claro ainda que, ao contrário do Desenrola Pequenos Negócios – iniciativa que tem como público-alvo os MEIs, as microempresas e as pequenas empresas com faturamento bruto anual até R$ 4,8 milhões e que estão inadimplentes em dívidas bancárias cujo acesso estará disponível a partir desta terça-feira (23) –, outras medidas do Acredita necessitarão de mais tempo para serem implementadas.

“É uma coisa nova. Não é uma coisa que vai começar a acontecer a partir de amanhã. É preciso ter claro que essas medidas amplas cada uma tem uma fase de maturação. Mas todas elas vão se desenvolver a partir de hoje e vão sendo entregues à medida que vão ficando prontas. Do mais simples, que está na rua amanhã, até o mais sofisticado, que vai levar um tempo de maturação. Como foi o Desenrola, um programa inédito que levou 120 dias para a gente começar a operacionalizar”, encerrou o ministro.

Por: Planalto

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