Manga: tipos, benefícios e quem pode consumir a fruta

manga, comumente achada no Nordeste, tem importante contribuição econômica para o Brasil, um dos maiores produtores e exportadores da fruta. No entanto, a relevância da manga não é só financeira — o fruto tem uma extensa quantidade de benefícios à saúde.

De acordo com a nutricionista Jamile Tahim*, a manga possui contribuição nutricional rica em vitaminas, minerais, fibras e valor energético, além de um gosto que pode agradar a diversos paladares.

O conjunto de qualidades pode ser o motivo de a fruta ser uma das mais procuradas do mundo, conforme assinala a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).

ORIGEM

A manga é o fruto da mangueira (Mangifera indica L., pertencente à família Anarcadiaceae), popularmente conhecida como “pé de manga”. Oriunda do sudeste da Ásia, a fruta é encontrada em todas as regiões brasileiras.

Conforme o livro “Manga: o produtor pergunta, a Embrapa responde”, organizado pela instituição pública, a manga chegou ao Brasil pelos portugueses, no século XVI, fazendo o País ser o primeiro a cultivá-la nas Américas.

Jamile Tahim cita que o território nordestino concentra a maior fatia da produção da fruta: a região, sozinha, tem 77,3%, conforme o Censo de Produção Agrícola Municipal de 2019, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em seguida, a fruta é produzida no Sudeste (21,8%), no Sul (0,5%), no Centro-Oeste (0,3%) e no Norte (0,1%).

TIPOS DE MANGA

No Brasil, vários tipos de manga podem ser encontrados, aponta a nutricionista. Os principais, segundo ela, são: Alphonso, Bourbon, Carlota, Espada, Coração de Boi, Golden Nuggets, Rubi, Haden, Keitt, Kent, Rosa, Sensation e Tommy Atkins.

Cada variedade, aponta Tahim, relaciona-se com uma apresentação diferente do fruto, cuja cor e tamanho podem ser distintos entre os tipos.

 

Montagem com fotos de mangas nas cores verde, rosa e arroxeada

De forma geral, a fruta tem forma arredondada — podendo ser alongada —, cores variando entre verde, amarelo, alaranjado e rosado, podendo ser mais ou menos fibrosa. Além disso, o tamanho do fruto pode variar.

Em que pese as diferenças, todas as variedades de manga têm aspectos em comum: o fruto possui polpa carnuda, macia e suculenta de sabor adocicado, com um caroço comumente grande e fibroso em seu centro.

PROPRIEDADES

O fruto, destaca a nutricionista, é uma importante fonte de vitaminas A, E e C, bem como de vitaminas do complexo B, como B1, B2, B3 e B6. Há, ainda, vasta quantidade de compostos bioativos, como os carotenoides, e fibras.

Em relação a minerais, a manga é rica em cálcio, ferro, magnésio, potássio e zinco, fundamentais para a saúde cardiovascular, manutenção da imunidade do organismo, contração muscular e prevenção de anemia.

BENEFÍCIOS

Jamile Tahim pontua que todo o conjunto nutricional da manga reforça o sistema imune. No entanto, o consumo do fruto predispõe outros benefícios.

AJUDA NA SAÚDE OCULAR E DA PELE

As vitaminas existentes no fruto são fundamentais para a saúde dos olhos, sendo importantes na prevenção de doenças oculares como cegueira noturna e catarata.

Além disso, tais nutrientes contribuem para a saúde da pele e dos cabelos, influindo na modulação da imunidade e na atividade antioxidante, a qual reduz a ação de radicais livres, relacionados a várias doenças crônicas.

A atividade também pode contar com outras propriedades do fruto, que possui vasta quantidade de compostos bioativos, em especial os carotenoides. Estes também previnem o envelhecimento precoce.

 

REGULA FUNCIONAMENTO DO INTESTINO

A grande quantidade de fibras existente no fruto auxilia na regulação do funcionamento do intestino, pois contribui para a formação do bolo fecal e evacuação das fezes. Isso porém, precisa ser associado à hidratação adequada e ao combate ao sedentarismo.

 

MELHORA A SAÚDE CARDIOVASCULAR E O CONTROLE GLICÊMICO

O consumo regular de fibras não provê benefícios apenas à atividade intestinal: conforme a nutricionista, o consumo provoca melhorias no perfil lipídico, o que favorece níveis adequados de colesterol, LDL e HDL. Os nutrientes também auxiliam no controle do açúcar no sangue.

Os efeitos antioxidantes dos compostos bioativos, das vitaminas e dos minerais existentes na manga também favorecem a saúde cardiovascular.

Esse conjunto de benesses é valoroso para diversas pessoas, o que enseja o consumo da fruta mesmo com os mitos em seu entorno.

DIABÉTICOS PODEM COMER MANGA

Um dos mitos em torno da fruta diz que ela não deve ser consumida por diabéticos, o que é desmentido pela profissional. “O ‘açúcar’ presente nas frutas se chama frutose e não é prejudicial aos portadores de diabetes ou qualquer pessoa, destaca a profissional, com a ressalva de que a ingestão se dê nas quantidades habituais de consumo.

Nessas condições, de consumo variado e equilibrado, o fruto é inócuo à saúde dos consumidores. Além disso, a quantidade de fibras e polifenóis presentes na manga pode favorecer o controle glicêmico, segundo a nutricionista.

GRÁVIDAS PODEM COMER MANGA

O fruto pode ser consumido tanto por gestantes quanto por lactantes, segundo a nutricionista, que ressalta o betacaroteno como importante na saúde da mãe e do bebê. A grávida ou puérpera, porém, não deve possuir alergia ou sensibilidade à fruta, contraindicada nesses casos.

Tahim salienta que, apesar de o consumo de nutrientes ser importante, é necessário que o consumo seja orientado por um nutricionista — o profissional avaliará a quantidade da fruta conforme as necessidades individuais de cada mulher.

MANGA VERDE FAZ MAL?

No centro de outro mito bastante popular, o consumo da manga verde, de acordo com a profissional de Nutrição, não oferece prejuízos à saúde. Ela observa que, quanto mais madura a fruta estiver, maior a quantidade de frutose obtida por meio da degradação do amido presente no fruto.

Em razão disso, é interessante que a fruta seja consumida antes de estar muito madura, o que pode ser atestado tanto pela aparência quanto pelo peso do alimento. A composição do fruto, inclusive, pode sofrer pequenas variações conforme a sazonalidade e o tipo.

“É muito interessante o consumo da fruta orgânica e de acordo com a safra. Assim, o alimento está ainda mais nutritivo, fresco, barato e ainda ajuda a fortalecer a agricultura familiar”, salienta.

FAZ MAL PARA GASTRITE?

A nutricionista contesta outro mito frequentemente associado ao fruto. “Pessoas com diagnóstico de gastrite também podem se beneficiar com o consumo da fruta, considerando seu potencial antioxidante e anti-inflamatório”, frisa, acrescentando que a manga possui substâncias nutricionais que favorecem a mucosa gástrica.

Ela indica que a fruta seja consumida como um item em uma alimentação saudável e variada, favorecendo a prevenção e o manejo de doenças crônicas não transmissíveis, como dislipidemias, diabetes e doenças do coração.

MALEFÍCIOS

Segundo a profissional, a manga deve ser evitada apenas em três situações: alergia, sensibilidade ou dificuldade de ingestão da manga. Ela evidencia também a alta densidade calórica do alimento, que deve ser considerada pelos consumidores.

COMO CONSUMIR

As possibilidades de consumo da fruta são bem variadas. A nutricionista classifica a ingestão in natura como a melhor, dado que mantém a quantidade integral de fibras do fruto. “No suco, acaba que reduz um pouquinho, principalmente quando o suco é coado”, explica, acrescentando que o adoçar do sumo “não é interessante”.

Além dessa forma, a manga também pode ser ingerida em forma de geleia, creme e até como vitamina, batida com leite, contrariando um popular tabu sobre a combinação causar mal. “Isso não existe”, finaliza.

Jamile Tahim é nutricionista graduada pela Universidade de Fortaleza (Unifor), pós-graduada em Nutrição Clínica e Fitoterapia Aplicada e em Nutrição em Nefrologia, Aprimorada em Bioquímica e Metabolismo, Aprimorada em Abordagem Comportamental, além de mestranda em Nutrição e Saúde pela Universidade Estadual do Ceará (Uece). Atua em consultório particular em Fortaleza (CE) com atendimento clínico para adultos e idosos com ênfase em Nutrição Preventiva e Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT).

 

Fonte: Diário do Nordeste

 

 

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