O que é a síndrome do Tarzan, que vem separando casais de todas as idades

Nos últimos anos, as relações amorosas passaram por grandes transformações e novas dinâmicas começaram a impactar a estabilidade emocional dos envolvidos. Entre essas tendências, a síndrome do Tarzan tem se tornado cada vez mais comum, afetando casais de todas as idades.

O fenômeno recebe o nome em referência ao personagem Tarzan, que se balança de cipó a cipó sem nunca soltar um antes de ter outro na mão. Da mesma forma, a pessoa que sofre dessa síndrome tende a iniciar um novo relacionamento antes mesmo de encerrar emocionalmente o anterior.

Apesar de muitos desconhecerem este termo, essa prática se tornou uma realidade frequente, especialmente em um cenário onde o medo da solidão e a necessidade de validação são comuns.

O que é a síndrome do Tarzan?

A síndrome se caracteriza pela incapacidade de lidar com o vazio emocional deixado pela ruptura, o que pode levar uma pessoa a “pular” para novos relacionamentos sem dar a si mesmo o tempo necessário para curar e processar o término anterior, segundo a psicóloga Lara Ferreiro.

Dessa forma, assim como o personagem fictício Tarzan, que nunca solta o cipó sem segurar outro, esse comportamento reflete uma dificuldade clara em enfrentar o luto emocional e as consequências de um rompimento.

Os mesmos padrões, observados em muitos relacionamentos amorosos, também podem ser visíveis no ambiente profissional, onde algumas pessoas mudam de emprego constantemente, buscando satisfação imediata.

No entanto, é no contexto dos relacionamentos amorosos que a síndrome se mostra mais destrutiva, afetando tanto a pessoa que apresenta o comportamento quanto o seu novo parceiro.

 

As chamadas “relações liana”: ciclo constante de substituição

A psicóloga descreve esse tipo de vínculo como uma “relação liana”, onde o indivíduo evita o processo de luto após um término e tenta preencher o vazio emocional com uma nova relação.

Setas embaixo da outra apontando para circuloRelações liana costumam seguir o mesmo ciclo em todas as relações, provando ser uma característica forte de síndrome do Tarzan – Foto: Canva/Divulgação/ND

Em comparação, Lara afirma que esse comportamento faz com que a pessoa não enfrente a dor da ruptura e busque alívio temporário em outro relacionamento.

Esse comportamento tem um efeito anestésico que impede o indivíduo de refletir sobre seus erros em relações anteriores. Isso leva à repetição de padrões disfuncionais, dificultando o autoconhecimento e a construção de uma identidade emocional autônoma.

Consequências da síndrome do Tarzan

O medo da solidão e a capacidade de lidar com o vazio emocional são as principais causas que levam um indivíduo a adotar esse tipo de comportamento.

Muitos desenvolvem sua identidade a partir da relação com o parceiro e, por isso, sentem a necessidade urgente de iniciar uma nova relação após um término, sem dar um tempo para um processo de cura.

As consequências da síndrome do Tarzan são profundas, pois ao evitar o luto, a pessoa acumula emoções negativas e criam um ciclo de sofrimento e relacionamentos superficiais.

Esse padrão gera um impacto negativo na saúde mental, resultando em ansiedade, depressão e baixa autoestima, já que o indivíduo passa a depender da validação do outro para se sentir completo.

O impacto na saúde mental e emocional

A constante transição de uma relação para outra afeta gravemente a saúde mental.

Conforme o psicólogo Raúl López, as pessoas que sofrem da síndrome do Tarzan carregam consigo “bagagens emocionais de relações anteriores que não deram certo”, o que impede o crescimento pessoal e o aprendizado necessário para estabelecer vínculos mais saudáveis.

Mulher triste encostada em janela com as mãos na cabeçaSíndrome do Tarzan pode causar diversos impactos negativos na saúde mental dos indivíduos – Foto: Canva/Divulgação/ND

A importância de encerrar ciclos e de se curar

Enfrentar e processar o luto após uma separação é fundamental para evitar cair na síndrome do Tarzan. Dessa forma, o tempo para reflexão, autoconhecimento e cura emocional são essenciais para construir relacionamentos futuros sólidos e saudáveis.

Além disso, o período de luto permite que o indivíduo analise o que deu  errado, aprenda com os erros e fortaleça sua base emocional. Embora seja um processo doloroso, ele é essencial para alcançar o equilíbrio e a felicidade em uma relação.

Recuperando a independência emocional

A síndrome do Tarzan é um reflexo da dificuldade de enfrentar a dor e a solidão. Por isso, a chave para superar o padrão é aprender a estar bem consigo mesmo, sem a necessidade constante de um parceiro para se sentir completo.

Reconhecer o luto, trabalhar na construção de uma identidade sólida e desenvolver autoestima são passos fundamentais para evitar cair neste ciclo de relações superficiais e destrutivas.

Dessa forma, recuperar a independência emocional permite que as pessoas criem relacionamentos mais saudáveis e genuínos, baseados em uma conexão verdadeira, e não na necessidade de preencher um vazio. Soltar os “cipós” e aprender a caminhar sozinho é o primeiro passo para construir relações mais autênticas e significativas.

Homem de braços abertos em meio a vegetaçãoRecuperando a independência emocional e se livrando de estigmas que te prendem ao passado – Foto: Canva/Divulgação/ND

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