Etanol é o combustível do presente e o futuro da mobilidade sustentável

O etanol está presente nas bombas dos postos brasileiros desde 1978. Desde então, além de ser uma interessante opção para os motoristas, ele tornou-se parte importante da nossa economia. Somente em 2023, o consumo de etanol fez com que os motoristas economizassem aproximadamente R$ 7 bilhões.

Outro avanço tecnológico impulsionou o setor em 2003, quando foi lançado um modelo de carro flex, que podia ser abastecido com etanol, gasolina ou uma mistura de ambos, em qualquer proporção. Oferecendo a liberdade de escolha na hora de encostar no posto, a tecnologia flex se tornou padrão na indústria e, hoje, sua frota conta com 40 milhões de veículos.

E o etanol, mais uma vez, vem ganhando força com os mais recentes avanços da indústria automotiva e a necessidade urgente de descarbonização dos meios de transporte. Com a tecnologia flex, o biocombustível proporcionou ao Brasil uma ferramenta de redução de emissões de gases de efeito estufa (GEEs) quando o tema ainda não era preocupação mundial. Por isso, ele é o combustível do presente e o futuro da mobilidade sustentável. E você sabia que, ainda por cima, ele oferece vantagens para o bolso do motorista e para o seu veículo?

Vantagem para o bolso

 

Uma das vantagens mais perceptíveis para o consumidor é o custo por quilômetro rodado. Na maior parte das regiões do país, para percorrer a mesma distância, o motorista que abastece com etanol gasta menos do que se utilizasse gasolina.

Quando o motor flex foi lançado, a média entre as variações existentes entre os motores bicombustíveis das montadoras, do consumo com etanol em relação à gasolina, era de 70%. Então, basta dividir o preço do etanol pelo preço da gasolina: quando o valor é igual ou inferior a 0,7, o etanol é o mais vantajoso.

No entanto, o avanço da tecnologia vem mudando esses parâmetros. “Para os modelos mais novos, essa paridade do etanol tem melhorado”, explica Luciano Rodrigues, diretor de Inteligência Setorial da UNICA, União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia. “Com o avanço da tecnologia, nos motores mais modernos esse percentual pode chegar a 75%.”

É importante dizer que essa paridade pode variar de acordo com a marca e o modelo. Além disso, o consumo de combustível de um veículo também é influenciado pelo seu estado de conservação (pneus com calibragem incorreta e motores desregulados, por exemplo, aumentam o volume de combustível necessário para percorrer a mesma distância) e pela forma de dirigir do motorista.

Melhor para o motor

 

Além do bolso, o motor do seu carro também é beneficiado com o etanol. O biocombustível possui maior octanagem do que a gasolina – permitindo uma queima mais controlada e evitando a famosa “batida de pino”, que ocorre quando o combustível queima dentro dos cilindros antes da hora.

O etanol também oferece mais desempenho. A maior octanagem permite que a central eletrônica avance a curva de ignição do motor, proporcionando entrega de mais potência. Além disso, o etanol tem propriedades detergentes que reduzem a carbonização de bicos injetores e as válvulas. Motor limpo por mais tempo é sinônimo de menos gastos com manutenção.

A mobilidade sustentável

 

Frente aos efeitos da emergência climática que todo o planeta já sente há algum tempo, buscar fontes renováveis de energia para reduzir as emissões de carbono se tornou um imperativo urgente para todos os setores da economia. No setor de transportes, muito destaque foi dado aos carros 100% elétricos, apontados como a grande solução.

No entanto, há fatores que tornam esse processo demorado e, muitas vezes, incerto, como a necessidade de investimentos (públicos e privados) em infraestrutura. O preço desses veículos também está longe de se equiparar aos modelos convencionais a combustão e há, ainda, o fato de que a matriz energética de muitos países não é limpa.

Por isso, é fundamental considerar as características de cada região geográfica para avaliar as soluções mais adequadas. “É importante reconhecer que não há solução única para o problema das emissões”, afirma Ricardo Abreu, consultor de Mobilidade Sustentável da UNICA. “É preciso levar em conta o potencial distinto das diferentes regiões e o tempo de resposta diferenciado das soluções tecnológicas para determinar as opções adotadas por cada um dos países.”

Nesse cenário, o Brasil está em uma posição privilegiada, pois o etanol reduz em até 90% as emissões de gases que agravam o efeito estufa na comparação com a gasolina.

“A eletrificação terá um papel importante na descarbonização, porém, o jeito mais rápido e barato para retirar carbono da atmosfera é usando mais etanol nos 40 milhões de veículos flex que já rodam no Brasil”, afirma Evandro Gussi, presidente da UNICA. “Você não precisa fazer praticamente nada.”

Um estudo da Stellantis reforça esse posicionamento ao comprovar que o etanol é tão ou mais eficiente na redução das emissões que os carros elétricos europeus. Dados da empresa mostram que a emissão nos carros que usam gasolina foi de 60%, enquanto nos 100% elétricos europeus, foi de 28%. Já nos flex, com etanol, a emissão foi de apenas 26%.

Outro dado impressionante ressalta a importância do etanol no cenário ambiental. Desde 2003, com o lançamento dos motores flex, até dezembro de 2023, o consumo do biocombustível (puro ou na mistura obrigatória na gasolina) evitou a emissão de mais de 660 milhões de toneladas de CO2eq. Isso equivale a plantar 5 bilhões de árvores e mantê-las em pé por 20 anos.

Novas tecnologias

O protagonismo do etanol no cenário da mobilidade sustentável tende a crescer mais com o desenvolvimento de novas tecnologias. O melhor exemplo é o sistema híbrido flex, lançado em 2019, que une a eficiência dos motores elétricos com a sustentabilidade do etanol.

Tecnologia que é a aposta de várias montadoras, que anunciaram investimentos para lançar versões híbridas bicombustíveis em breve.

Outra inovação em desenvolvimento na indústria automotiva é a célula a combustível, que usa reações químicas para gerar eletricidade a partir do hidrogênio, que então alimenta motores elétricos.

O problema é que, atualmente, muito do hidrogênio é obtido a partir do metano – um combustível fóssil. A alternativa sustentável, adivinhe, é obter o hidrogênio a partir do etanol. Além de renovável, o biocombustível já possui toda a estrutura, tanto de produção como de distribuição, instalada e consolidada no país. Algumas pesquisas indicam que, nesse sistema, é possível rodar 800 Km com um tanque de etanol.

É dessa forma que o protagonismo do etanol na mobilidade de baixo carbono brasileira só aumenta.

Fonte: Auto esporte

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