Entenda a polêmica em torno do livro “O Avesso da Pele”, censurado em escolas públicas de três estados

O novo alvo de polêmicas e de censura no país é o livro “O Avesso da Pele”, do escritor Jeferson Tenório, que tem sido criticado e proibido nos estados do Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul e, mais recentemente, Goiás. Tudo começou quando a diretora de uma escola do RS pediu ao Ministério da Educação (MEC) o recolhimento de exemplares da obra distribuídos para alunos do ensino médio, com o argumento de que contém “vocabulário de baixo nível” e “vulgaridade de termos”. A partir daí, outros estados começaram a se posicionar da mesma forma, retirando o livro das escolas públicas.

Prêmios

O detalhe é que “O Avesso da Pele” consiste numa obra que ganhou vários prêmios literários, dentre os quais o Jabuti, e aborda temas como racismo e sexualidade. Conta a história de Pedro, personagem que, após a morte do pai, assassinado numa desastrosa abordagem policial, sai em busca de resgatar o passado da família e refazer os caminhos paternos. Com uma narrativa sensível e por vezes brutal, a publicação traz à superfície um país marcado pelo racismo e por um sistema educacional falido, num denso relato sobre as relações entre pais e filhos. O que levou Jeferson Tenório à lista dos mais novos talentos da literatura brasileira contemporânea.

Divergências

No pedido para recolhimento, a professora, Janaina Venzon, expôs trechos que considerou inapropriados da obra, desencadeando reações políticas e sociais. Os defensores da história afirmam que a educadora descontextualizou as passagens do livro. Os críticos da publicação, por sua vez, a apoiam. A questão chegou aos políticos, principalmente ao Congresso Nacional, que teve vários discursos de parlamentares contrários e favoráveis, nos últimos dias.

Censura

Conforme explicaram o ministro da Comunicação Social, Paulo Pimenta, e a ministra da Cultura, Margareth Menezes, o livro foi incluído no Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) em setembro de 2022, depois de ter passado por uma seleção, publicada em edital, em 2019. “Em minha opinião, o pedido para recolhimento dos exemplares é demonstração de ignorância, preconceito e covardia por parte dessas pessoas”, acusou Pimenta. “É uma censura à nossa literatura que merece ser repudiada”, acrescentou Margareth.

Fonte: Jornal O Poder

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